Visita técnica à Codeca permite estudos sobre uso de resíduos para geração de energia

Representante da Kogenergy do Brasil acompanhou atividades da coleta durante uma semana

O uso de resíduos para geração de energia vem ganhando força no Brasil. A solução pode ser viabilizada a partir de processos termoquímicos como a combustão, gaseificação ou a pirólise (transformação por aquecimento de um composto orgânico em outras substâncias). Para levantar dados e aprofundar análises sobre a caracterização dos materiais orgânicos descartados no município, Ruchio Geonho Kim, diretor de Engenharia da Kogenergy do Brasil, acompanhou as atividades da coleta da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), de 18 a 22 de fevereiro. A Kogenergy é uma empresa norte-americana que atua na construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica com unidades na Coreia do Sul e no Brasil (Recife/Pernambuco).

Neste período, o coreano Ruchio contou com apoio de coletores, funcionários da Estação de Transbordo São Giácomo, além do engenheiro Rafael Navajas e da encarregada do aterro sanitário, Cátia da Silva, com o objetivo de colher amostragens dos resíduos provenientes de diferentes regiões da cidade, além da destinação e da composição.

Os dados registrados farão parte de um estudo para avaliar o tipo de tecnologia que pode ser empregada para produção de energia, culminando na apresentação de um projeto de investimentos da Kogenergy à Codeca e, posteriormente, à Prefeitura de Caxias do Sul. O levantamento inicial de informações não incidiu em custos para a Companhia. “A Codeca tem estrutura e logística constituídas, além de gerenciar um aterro sanitário, fatores que condicionaram nossa escolha”, disse o diretor da Kogenergy no Brasil, Rubem Souza de Paula, que já visitou a Codeca em outras ocasiões.

A geração de energia a partir dos resíduos permite benefícios, tanto ao município – sugerindo uma economia média em torno de 30% – quanto à comunidade e ao meio ambiente. Hoje, o biogás proveniente da decomposição de 360 toneladas diárias de material orgânico recolhido em Caxias do Sul é queimado e transformado em gás carbônico, que é 21 vezes menos nocivo que o metano para a camada de ozônio.

O estudo, que será desenvolvido pela Kogenergy, sugere a construção de uma usina de energia elétrica, a partir do aproveitamento de resíduos, com investimentos viabilizados por parceria entre a rede pública e privada, respeitando a abertura de processo de licitação para concorrência. Porém, a utilização do material orgânico não é tão simples quanto parece, indo além do seu volume. “Depende da qualidade do lixo coletado”, lembra Ruchio Geonho Kim.

A mistura de metais com baixo valor de geração térmica e excesso de umidade do material podem prejudicar o processo de incineração, que resulta na produção de energia. Ainda não há previsão sobre o período que se estenderá a pesquisa, pois outros dados da coleta, realizada nos últimos meses em diferentes regiões do município, serão complementados e encaminhados pela Codeca.

Caxias do Sul conta com o aterro sanitário Rincão das Flores localizado no distrito de Vila Seca com área de 275 hectares de propriedade da prefeitura, gerenciado pela Codeca, monitorado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) e licenciado pela Fepam, órgão fiscalizador estadual. O chorume (líquido resultante da decomposição do resíduo orgânico) é canalizado, tratado e descontaminado. Após passar por três etapas de tratamento: biológico, físico-químico e de lagoas facultativas, o efluente é utilizado para irrigação de área licenciada do aterro, por meio de sistema de aspersores. Já a destinação final dos gases gerados é a queima.

Fonte: Prefeitura de Caxias do Sul