COP29 aprova criação de mercado global de créditos de carbono
Por: TECNOAMBI - 21 de Novembro de 2024
A Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29) realizada em novembro de 2024, fez história ao aprovar, em sessão plenária, a criação de um mercado global de créditos de carbono. A decisão representa um avanço significativo nos esforços globais para limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme estipulado no Acordo de Paris.
O novo mecanismo global busca padronizar, regulamentar e ampliar o comércio de créditos de carbono, permitindo que países e empresas compensem suas emissões por meio do financiamento de projetos sustentáveis em diferentes partes do mundo. Segundo os líderes da COP29, o mercado unificado deverá aumentar a transparência, reduzir a dupla contagem de créditos e atrair maiores investimentos em energias renováveis, reflorestamento e tecnologias de captura de carbono.
"Este é um marco importante na luta contra a crise climática. Um mercado global nos dará a escala e a eficiência necessárias para promover uma transição justa e sustentável," declarou a presidente da COP29, a ministra dos Emirados Árabes Unidos, Mariam Al Mheiri.
O mecanismo será regido por regras claras, incluindo auditorias independentes e monitoramento contínuo, para garantir que os créditos de carbono representem reduções reais de emissões. Além disso, um percentual dos lucros gerados pelo mercado será destinado a um fundo para adaptação climática, priorizando os países mais vulneráveis.
Apesar do consenso geral, a aprovação enfrentou resistência de alguns países, como Índia e Brasil, que destacaram a necessidade de maior flexibilidade para proteger os interesses das nações em desenvolvimento. Entretanto, após intensas negociações, foi acordado que o mecanismo incluirá salvaguardas para evitar impactos negativos em comunidades locais e ecossistemas sensíveis.
Analistas acreditam que o mercado global de créditos de carbono pode movimentar trilhões de dólares até 2030, incentivando uma corrida por inovação climática. Empresas do setor privado já demonstraram interesse em se adaptar às novas regras, com muitas antecipando benefícios competitivos em um mundo cada vez mais regulamentado em termos de emissões.
A implementação completa do mercado global está prevista para 2026, após uma fase inicial de testes que começará no próximo ano.
Reações globais
Organizações ambientais celebraram o avanço, mas pediram vigilância para evitar que o mercado se torne um "cheque em branco" para grandes poluidores. "Os créditos de carbono devem complementar, e não substituir, a redução direta de emissões", alertou Greta Thunberg, ativista sueca, em um comunicado.
Já economistas destacam que o sucesso do mercado dependerá da adesão ampla e do cumprimento rigoroso das regras. "Se bem implementado, este mecanismo pode se tornar um divisor de águas na governança climática global", afirmou o economista Nicholas Stern, autor de estudos sobre o custo das mudanças climáticas.
A decisão da COP29 reforça a mensagem de urgência e ação conjunta, lembrando ao mundo que o tempo para evitar os piores impactos das mudanças climáticas está se esgotando.